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  • Marlon Câmara

12 músicas nordestinas antigas que fizeram muito sucesso no Brasil

Updated: Jan 29

As músicas nordestinas antigas e raiz têm um gosto especial: sucesso em todo o Brasil e no mundo, as canções do Nordeste são animadas, poéticas e muito ricas musicalmente. Do forró ao xaxado, passando pelo frevo e pelo baião, conheça as músicas nordestinas mais importantes.

 

A música nordestina tem um lugar especial na cultura brasileira, sendo uma fonte de inspiração e admiração para muitos artistas e amantes da música no país e em todo o mundo. Conhecida por sua rica mistura de elementos musicais, que vão desde o baião, xote, forró, maracatu e frevo, e letras poéticas que retratam desde a festividade do povo do Nordeste até as dificuldades de quem vive no sertão. Neste artigo, vamos relembrar 12 dessas músicas que fizeram muito sucesso no Brasil, desde as décadas de 1940 até os anos 80, e que continuam sendo admiradas e apreciadas por pessoas de todas as idades e regiões do país.


Neste contexto, vamos relembrar 12 dessas músicas nordestinas antigas que fizeram sucesso no Brasil, desde as décadas de 1940 até o final dos anos 70, e que continuam sendo admiradas e apreciadas por pessoas de todas as idades e regiões do país. Vamos trazer os detalhes de cada canção, os artistas que a interpretaram e os contextos das épocas em que foram lançadas. Embarque nessa viagem musical pelas ricas raízes da cultura nordestina e da música brasileira.




A seleção das 12 músicas nordestinas que tiveram uma história de sucesso no Brasil:

  • Asa Branca - Luiz Gonzaga

  • O Xote das Meninas - Luiz Gonzaga

  • Eu Só Quero Um Xodó - Dominguinhos

  • Lamento Sertanejo - Dominguinhos

  • Chiclete com Banana - Jackson do Pandeiro

  • Carcará - João do Vale

  • Mulher Rendeira - Zé do Norte

  • Mucuripe - Fagner

  • Feira de Mangaio - Sivuca

  • Chão de Giz - Zé Ramalho

  • Táxi Lunar - Geraldo Azevedo

  • Bicho de Sete Cabeças - Geraldo Azevedo e Elba Ramalho


Conheça os detalhes de cada uma e ouça as músicas abaixo:


Asa Branca - Luiz Gonzaga (1947)


Um dos maiores hinos do cancioneiro nordestino, a música "Asa Branca" foi composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e é uma obra marcante da cultura brasileira. Composto em 1947, este baião se tornou um símbolo da seca e da migração dos nordestinos para outras partes do país.



Luiz Gonzaga segurando a sua sanfona
Luiz Gonzaga é um dos maiores nomes da música nordestina do Brasil

Na versão original da canção, cantada por Luiz Gonzaga e sua voz marcante, a música trouxe diferentes ritmos regionais do Nordeste, como o xote e o xaxado, além de chamar atenção para elementos incomuns do baião, como a introdução em tom menor e o uso de violinos. A música esteve presente no primeiro álbum do Gonzagão, chamado "A História do Nordeste Na Voz de Luiz Gonzaga", de 1955.


A letra foi escrita por Humberto Teixeira, e retrata a angústia e a saudade do sertanejo que, diante da seca, vê a sua própria vida e a de sua família em risco. A menção à asa branca, ave que simboliza a esperança de chuva, é um dos momentos mais tocantes da canção.


Porém, o destaque da letra está nos versos "Quando olhei a terra ardendo / Qual fogueira de São João / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação". O retrato da seca e do calor do sertão nordestino, de maneira tão poética e emotiva na voz de Gonzaga, traz uma abertura tocante à canção.


A música "Asa Branca" é conhecida nacionalmente e uma das músicas mais gravadas na história da música brasileira, com versões em vários idiomas e interpretações de artistas renomados, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Lulu Santos, Tom Zé, Chitãozinho e Xororó e Ney Matogrosso.


Ouça Asa Branca, com Luiz Gonzaga, Fagner e Sivuca:




O Xote das Meninas - Luiz Gonzaga (1955)


A música O Xote das Meninas foi composta por Gonzaga e Luiz Dantas, e gravada em 1953. A canção foi disponibilizada no primeiro álbum oficial de Luiz Gonzaga, A História do Nordeste Na Voz de Luiz Gonzaga, de 1955, que colecionava suas principais músicas da época.


"O Xote das Meninas" é uma música dançante e animada, caracterizada pelo ritmo do xote, com elementos do forró. A letra fala sobre as meninas que dançam o xote, e a alegria que a dança traz para o povo nordestino, e se tornou um clássico do cancioneiro nordestino, com seu refrão marcante, "Ela só quer / Só pensa em namorar".


A música é uma das mais conhecidas e populares do repertório de Luiz Gonzaga, e já foi regravada por vários artistas ao longo dos anos, como Gonzaguinha, Alceu Valença e Fagner.


Ouça O Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga:





Eu Só Quero Um Xodó - Dominguinhos (1962)


A canção "Eu Só Quero Um Xodó" é um forró escrito por Dominguinhos e Anastácia em 1962. A música tem como tema o desejo de encontrar um amor verdadeiro, mesmo que seja por apenas uma noite. A música se tornou um grande sucesso na época de seu lançamento e continua sendo uma das canções mais populares do repertório dos autores.


A faixa original, cantada por Anastácia e com a sanfona de Dominguinhos, chama a atenção pela melodia cativante e a letra simples porém muito popular e marcante: "eu só quero um xodó, um xodó pra mim". A expressão "xodó", aliás, é uma gíria nordestina que remete à pessoa que se ama ou tem afeto.


"Eu Só Quero um Xodó" foi gravada mais de 400 vezes, pelos mais diversos artistas, desde Gilberto Gil, Elba Ramalho e Maria Bethânia. A versão original, porém, é considerada a mais icônica, e se apresenta até hoje como um dos marcos da música nordestina em todo o Brasil.


Ouça Eu Só Quero Um Xodó, de Dominguinhos:





Lamento Sertanejo - Dominguinhos (1967)


A canção “Lamento Sertanejo” é uma pérola da música instrumental do Brasil, composta originalmente por Dominguinhos. Com uma melodia forte na sanfona e com raízes claramente nordestinas, a música é amplamente conhecida como uma das principais da música do Nordeste do Brasil.



Gilberto Gil beija a mão de Dominguinhos
Gilberto Gil e Dominguinhos são os compositores de Lamento Sertanejo, uma das maiores músicas nordestinas de todos os tempos


Anos após a sua composição, o cantor Gilberto Gil fez uma letra para a música instrumental de Dominguinhos, gravando a versão final no seu disco Refazenda, de 1975. A versão com letra e música fez a canção ganhar ainda mais notoriedade, sendo regravada por diversos artistas da MPB, como Elba Ramalho e Maria Bethânia.


A letra de Gilberto Gil também passou a ser marcante na música brasileira, com versos muito sensíveis, remetendo ao nordeste de Dominguinhos: "Por ser de lá / Do sertão, lá do cerrado / Lá do interior do mato / Da caatinga do roçado / Eu quase não saio"


Ouça Lamento Sertanejo, na voz de Gilberto Gil e Dominguinhos:





Chiclete com Banana - Jackson do Pandeiro (1958)


Composta por Gordurinha e Almira Castilho, a canção "Chiclete com Banana" foi um sucesso na gravação de Jackson do Pandeiro, em 1958, e se tornou também uma das mais populares do histórico das músicas nordestinas.


Este forró tem uma pegada descontraída, falando sobre a importância de se ter uma vida animada e divertida, mesmo em meio às dificuldades da vida. O título da música é uma brincadeira que representa a alegria e o prazer que podem ser encontrados mesmo vivendo com pouco dinheiro ou em situações de simplicidade - como ao comer chiclete e banana.


A letra da música é marcada por versos divertidos, fazendo referência à cultura dos Estados Unidos, que estaria descobrindo o forró nordestino do Brasil, como em "Quando o tio Sam pegar no tamborim / Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba / Quando ele entender que o samba não é rumba / Aí eu vou misturar Miami com Copacabana".


Jackson interpreta a canção com sua voz única e sua habilidade como percussionista, e é acompanhado por uma melodia contagiante e uma batida dançante, com elementos do baião.


Ouça Chiclete com Banana, de Jackson do Pandeiro:






Carcará - João do Vale (1964)


"Carcará" é uma música composta por João do Vale, em parceria com José Cândido, que se tornou um grande sucesso na década de 60. Lançada em 1964, a canção retrata a figura do carcará, uma ave de rapina que é muito comum no sertão nordestino, e a sua relação com a dura vida do vaqueiro.


A letra fala sobre a luta pela sobrevivência no sertão e sobre as dificuldades enfrentadas pelos vaqueiros, que muitas vezes precisam enfrentar o carcará para proteger o seu rebanho. A canção se tornou um hino da cultura nordestina e é lembrada até hoje como uma das mais representativas músicas dessa região do Brasil.


A música estreou para o público em 1963, durante a apresentação do Show Opinião, espetáculo no qual João do Vale se apresentava ao lado de Nara Leão e Zé Keti, com forte teor político, em plena ditadura militar.


Maria Bethânia, que substituiu Nara no Show Opinião posteriormente, foi quem alcançou maior popularidade com a canção, que ela gravou no seu disco homônimo de estreia, em 1965, e transformou em um sucesso nacional. A canção foi regravada por vários outros artistas ao longo dos anos, como Chico Buarque, Zé Ramalho e Elba Ramalho.


Ouça Carcará, na voz de Maria Bethânia:




Mulher Rendeira - Zé do Norte (1953)


"Mulher Rendeira" é uma canção folclórica brasileira de autoria desconhecida, que foi popularizada por Zé do Norte na década de 1950. A música foi lançada como trilha sonora do filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto.


A canção conta a história de uma mulher que trabalha rendendo para sobreviver, mas que é cortejada por um homem rico que promete lhe dar uma vida melhor. No entanto, ela recusa suas ofertas, dizendo que prefere viver da sua renda e ter sua liberdade.


"Mulher Rendeira" se tornou um símbolo da resistência e da força da mulher nordestina, que mesmo diante das dificuldades econômicas e sociais, mantém sua independência e dignidade. De acordo com o G1, a origem de ‘Mulher Rendeira’ é associada ao próprio Lampião, porém não há confirmação histórica deste fato.


Além de Zé do Norte, a música já foi gravada por diversos artistas, como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e Demônios da Garoa, entre outros. A sua importância na cultura brasileira é inegável e tornou-se um clássico da música popular brasileira.


Ouça Mulher Rendeira, com arranjo de Zé do Norte:






Mucuripe - Fagner (1973)


A música "Mucuripe", composta originalmente por Belchior em 1970, é um dos marcos do cancioneiro nordestino dos anos 70. A canção, que teve sua melodia modificada por Raimundo Fagner após ter sido apresentada a ele por Belchior, chegou à sua versão final em 1971, ao ser apresentada e levando o prêmio no Festival de Música do Ceub.


A sua versão gravada, porém, apareceu apenas em 1972, no Disco de Bolso do jornal O Pasquim, cantada por Sérgio Ricardo. Fagner só foi gravar oficialmente a composição em 1973, no seu disco de estreia "Manera Fru Fru Manera: O Último Pau de Arara".


A letra da música fala sobre a saudade de um amor distante, que faz o narrador sentir-se sozinho e triste. Na versão original, abre com os versos "Aquela estrela é dela: vida, vento, vela, leva-me daqui". Com um tom melancólico, a música dá espaço para os belos versos poéticos brilharem, na voz arrastada de Fagner.


O próprio Belchior também gravou a música, mas apenas em 1980, no disco Objeto Direto. Além dele, outros artistas famosos também interpretaram a canção, como Zeca Baleiro, Zé Ramalho e Djavan.


Ouça Fagner e Zé Ramalho cantando Mucuripe:




Feira de Mangaio - Sivuca (1977)


"Feira de Mangaio" é uma música icônica do nordeste, composta por Sivuca e Glorinha Gadelha. A canção é uma das mais famosas do repertório do paraibano Sivuca, considerado um dos maiores sanfoneiros e arranjadores da MPB. A música foi gravada pela primeira vez em 1977, no álbum "Sivuca e Rosinha de Valença Ao Vivo".


Sua letra retrata a vida cotidiana dos moradores de uma pequena cidade do interior do Brasil. A "feira de mangaio", do título da música, é uma referência a uma feira livre, comum nas cidades nordestinas, onde se vende uma variedade de produtos, desde alimentos até artesanatos.


Acompanhada por uma melodia envolvente, marcada pela sanfona de Sivuca, além de outros instrumentos tradicionais do forró, como o triângulo e a zabumba, a música teve ao longo dos anos versões de grandes artistas, como Clara Nunes, que acabou incorporando-a ao seu repertório.


A música é um exemplo do talento de Sivuca. Ele conseguiu mesclar elementos do forró com outras influências musicais, como o jazz e a bossa nova, criando um som único e original. Na versão original da música, gravada ao vivo com Rosinha de Valença, o motivo marcante da sanfona chama muita atenção, enquanto Sivuca canta tranquilamente com sua voz serena.


Ouça Feira de Mangaio, com Sivuca e Clara Nunes:




Chão de Giz - Zé Ramalho (1978)


A canção "Chão de Giz", composta e cantada por Zé Ramalho, foi gravada originalmente no primeiro disco do artista, homônimo, lançado em 1978.


O álbum, que traz vários dos maiores sucessos de Ramalho, traz uma sonoridade nordestina misturada com outros ritmos, como o rock. O nome "Chão de Giz" remete a fragilidade das coisas, que podem simplesmente acabar (ou ser apagadas), como coisas escritas com giz no chão.


A música, na versão original, é levada praticamente no violão base, com uma orquestra dando suporte ao fundo e um segundo violão fazendo algumas frases melódicas. Com esse fundo, Zé Ramalho canta de forma lenta e suave, seus versos com forte caráter metafórico e cheios de simbolismos. Entre as frases mais marcantes da música estão "Eu vou te jogar / Num pano de guardar confetes" e "Nem vou lhe beijar / Gastando assim o meu batom"


Ouça Zé Ramalho cantar Chão de Giz:





Táxi Lunar - Geraldo Azevedo (1979)


Táxi Lunar, um dos principais sucessos de Geraldo de Azevedo, foi composta em parceria com os nordestinos Zé Ramalho e Alceu Valença, e lançada no disco "Bicho de 7 Cabeças", em 1979. A canção traz uma bonita melodia, com um arranjo no violão, enquanto destoa versos com caráter fantástico e extremamente imagéticos, contando uma viagem de táxi até a lua: "Apenas apanhei, na beira-mar / Um táxi para a estação lunar"


A canção Táxi Lunar se tornou um hino da contracultura brasileira da época, e simboliza a busca por um mundo melhor. A música foi muito tocada nas rádios e nos festivais de música da época, e é considerada uma das composições mais importantes da carreira de Geraldo Azevedo. Outros artistas que também gravaram a canção foram Zé Ramalho, no seu disco Orquídea Negra, de 1983, e Elba Ramalho.


Ouça Táxi Lunar, na voz de Geraldo Azevedo:





Bicho de Sete Cabeças - Geraldo Azevedo e Elba Ramalho (1979)


"Bicho de Sete Cabeças" foi composta por Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha, e lançada no disco homônimo de Geraldo, em 1979. A canção surge em um contexto político conturbado no Brasil, durante o regime militar, e se tornou marcante por sua força contra a repressão e a censura.


A gravação original tem um arranjo simples, com um violão dedilhando a melodia, enquanto Geraldo e Elba entoam a letra, muitas vezes como se fosse uma conversa, e em outras se sobrepondo nos versos, de forma mais caótica.


A música se tornou um sucesso instantâneo, e foi muito tocada nas rádios e nos festivais de música da época. A canção também fez parte da trilha sonora do filme "Bicho de Sete Cabeças", dirigido por Laís Bodanzky e lançado em 2000, que conta a história de um jovem que é internado em um hospital psiquiátrico.


Entre os outros artistas que já gravaram a canção estão o próprio compositor Zé Ramalho e Chico César. Por curiosidade, embora a música seja amplamente conhecida por esse nome, na gravação original ela se chama "Bicho de 7 Cabeças II".


Ouça Geraldo Azevedo e Elba Ramalho interpretando a música ao vivo:




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