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  • Marlon Câmara

Melhor álbum de rap: veja os 21 maiores de todos os tempos e o vencedor do Grammy 2024

Updated: Feb 15

Listamos os discos que fizeram história no rap e no hip hop, incluindo clássicos, vencedores e indicados ao Grammy e outros destaques atemporais, explicando o som, o impacto e a recepção da crítica, além de trazer uma análise do vencedor de "Melhor álbum de rap" em 2024 na premiação.


 

Para criar a lista de melhores álbuns de rap da história é preciso conhecer não só o passado e a história do hip hop, mas também estar de olho no que surge de mais importante nos últimos anos. Embora artistas como 2Pac, Notorious B.I.G., N.W.A, De La Soul e Jay-Z sejam lendas do gênero, outros nomes modernos, como Killer Mike, vencedor do Grammy 2024, além de Kendrick Lamar, Tyler, The Creator e Pusha T, seguem lançando discos de grande sucesso de público e crítica, acumulando premiações e indicações e mantendo o estilo e o movimento vivos.


Listamos, então, os 21 maiores álbuns de rap de todos os tempos, incluindo cada capa dos albuns, uma breve história sobre cada disco e seu artista, seu impacto na época, suas premiações, os prêmios vencidos, a aclamação do público, além de considerar rankings da mídia especializada como Rolling Stone, Pitchfork e Billboard.


Lista traz os maiores álbuns de rap de todos os tempos

Melhor álbum de rap em 2024


Os anos de 2023 e 2024 vêm sendo importantes para o rap e o hip hop em geral, com grandes lançamentos e músicas de grande impacto no cenário. Durante o Grammy Awards 2024, que aconteceu em 04 de fevereiro, alguns dos principais discos foram nomeados na categoria "Melhor Álbum de Rap". Confira a lista:


  • Killer Mike - Michael (vencedor do Grammy 2024)

  • Drake e 21 Savage - Her Loss

  • Metro Boomin - Heroes e Villains

  • Nas - King’s Disease III

  • Travis Scott - Utopia


Apesar de grandes lançamentos no ano, o Grammy de Melhor Álbum de Rap em 2024 ficou para o Killer Mike, que lançou o disco Michael após mais de 10 anos sem grandes lançamentos (o último registro de estúdio do artista havia sido R.A.P. Music, de 2012). Apesar de ter levado na categoria - e em outras duas, Melhor Canção de Rap e Melhor Performance de Rap -, o rapper esteve envolvido em grande polêmica ao ser preso logo após a premiação por uma contravenção de agressão.

Entre os indicados estiveram ainda outros grandes artistas, alguns já acostumados a concorrer e ganhar prêmios desta importância, como Nas, Drake e Travis Scott. Os discos, lançados ao longo de 2023, foram realmente destaques no meio do rap e hip hop, embora outros mereçam destaque, como Sundial, da rapper Noname, Voir Dire, de Earl Sweatshirt & The Alchemist, além de Maps, do duo Billy Woods and Kenny Segal.



Melhores álbuns de rap de todos os tempos


Um estilo rico como o rap já trouxe, ao longo dos anos, muitos artistas e obras de enorme importância para a música e para a cultura mundial. Por isso, selecionamos 21 dos melhores álbuns de rap já lançados na história, populares e reverenciados por seu impacto social, mensagens, sonoridade e inovação musical.


Como foi feita a lista dos melhores álbuns de rap:


Uma história rica como a do hip hop, que completou 50 anos em 2023, traz diversas possibilidades de escolhas na hora de selecionar os maiores álbuns já lançados pelo gênero. Assim, claro que grandes obras do rap acabam ficando de fora quando se faz um filtro dentre tantos discos lançados nos últimos anos.


Assim, foram considerados todos os álbuns de rap lançados nas diferentes épocas desses 50 anos, e usado como primeiros critérios aqueles que tiveram maior impacto na cultura da época e como esse impacto se perdura até os dias de hoje. Ou seja, foi considerada a capacidade de influência do álbum aos artistas e movimentos que surgiram a partir do seu lançamento até atualmente.


Ainda assim, como seria praticamente impossível fazer uma seleção de apenas 21 álbuns mais impactantes, foi considerado em seguida sua inovação em questões estéticas (sonoridade e rimas); sua avaliação da crítica especializada, como Rolling Stone, AllMusic e Pitchfork; sucesso de mercado (quantidade de cópias vendidas); e premiações recebidas (como o Grammy).


Além disso, a fim de trazer uma maior variedade de estilos e representantes dentro do rap, foram priorizados álbuns de artistas diferentes. Com certeza diversos desses músicos poderiam ter mais de um disco na lista dos maiores da história, como Kanye West, Jay-Z e OutKast, mas foram selecionadas as obras mais marcantes de cada um dentro dos critérios para representá-los na lista.



A seleção dos melhores álbuns de rap de todos os tempos:


  • Nas - Illmatic (1994)

  • Notorious B.I.G. - Ready To Die (1994)

  • Dr. Dre - The Chronic (1992)

  • Wu-Tang Clan - Enter the Wu-Tang (36 Chambers) (1993)

  • Public Enemy - It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back (1988)

  • A Tribe Called Quest - The Low End Theory (1991)

  • Jay-Z - The Blueprint (2001)

  • Kendrick Lamar - To Pimp a Butterfly (2015)

  • Eric B. & Rakim - Paid in Full (1987)

  • N.W.A - Straight Outta Compton (1988)

  • OutKast - Stankonia (2000)

  • Kanye West - The College Dropout (2004)

  • The Fugees - The Score (1996)

  • Tupac Shakur - All Eyez on Me (1996)

  • De La Soul - 3 Feet High and Rising (1989)

  • Mos Def - Black on Both Sides (1999)

  • Eminem - The Marshall Mathers LP (2000)

  • Snoop Dogg - Doggstyle (1993)

  • Lauryn Hill - The Miseducation of Lauryn Hill (1998)

  • Madvillain - Madvillainy (2004)

  • The Roots - Things Fall Apart (1999)



Nas - Illmatic (1994)


Álbum de estreia do rapper Nas, Illmatic está entre os grandes discos de hip hop do mundo. A sonoridade do disco é marcante, misturando elementos de jazz e R&B com as letras potentes do rapper, que trazem um lirismo característico, em meio a mensagens intensas sobre sua realidade violenta. Illmatic foi lançado em 1994, em uma época em que o rap gângster, de figuras como Tupac Shakur e Dr. Dre dominavam a costa oeste dos Estados Unidos, e o rap "consciente" de grupos como o De La Soul e A Tribe Called Quest se destacavam na costa leste. Apesar de ter inspirações nas duas frentes, Nas, com o seu primeiro disco, rompe com todo esse cenário e traz uma visão extremamente pessoal e profunda da cidade de Nova York, das suas experiências na juventude e da vida ao seu redor.


O disco traz, ao longo de suas 10 faixas, um "dream team" de produtores que eram considerados alguns dos maiores do cenário do hip hop da época, como DJ Premier, Large Professor e Q-Tip. Com essa experiência, Illmatic foi capaz de trazer beats marcantes e à frente da época, dando o pano de fundo para Nas brilhar com seu flow equilibrado e voz direta. Entre as músicas de destaque do disco estão "NY State of Mind", "Halftime" e "Life's a Bitch".


Apesar de não ter ganho prêmios na época, Illmatic é aclamado por todos os reviews dos grandes veículos especializados em música, com nota 10 no Pitchfork e 5 estrelas segundo a Rolling Stone e na MOJO Magazine. Ele aparece na posição 44 da lista dos maiores discos da história, e em 24 na dos maiores discos de hip hop, ambas da da Rolling Stone. Além disso, o álbum alcançou, na época de seu lançamento, posições importantes nas tabelas de mais tocados, como número 2 no Top R&B/Hip-Hop Álbuns dos EUA, da Billboard, além do número 12 na US Billboard 200.


Capa do álbum Illmatic, de Nas


Notorious B.I.G. - Ready To Die (1994)


O álbum "Ready to Die", lançado em 1994 pelo lendário rapper Notorious B.I.G., representa um marco na história do hip-hop. Com uma mistura única de letras afiadas, batidas inovadoras e a voz inconfundível do rapper, o álbum rapidamente se tornou um ícone do gênero. O trabalho de estreia de Biggie Smalls, como era chamado popularmente, não apenas estabeleceu sua presença no cenário musical, mas também influenciou gerações subsequentes de artistas.


"Ready to Die" não é apenas sobre as habilidades líricas impressionantes de Notorious B.I.G. fazendo rap, mas também sobre a qualidade de suas músicas e produção. Faixas como "Juicy" e "Big Poppa" se destacam não apenas pelas rimas cativantes, mas também pelos arranjos musicais cuidadosamente elaborados. A produção de nomes como Sean "Puff Daddy" Combs e Easy Mo Bee contribuiu para criar uma sonoridade que transcendeu as fronteiras do hip-hop tradicional, incorporando elementos do soul e do R&B, que não eram encontrados em discos de "gangster rap". Essa abordagem inovadora e a combinação única de talento lírico e musical fazem de "Ready to Die" uma obra atemporal.


O álbum abordou temas como a violência urbana, a pobreza e a busca pelo sucesso, conectando-se com ouvintes de todas as origens, a partir da autenticidade das letras e a habilidade de Biggie em contar histórias reais que ressoavam na sociedade da época. O lançamento de "Ready to Die" não apenas colocou Notorious B.I.G. no mapa, mas também teve um impacto cultural significativo, tendo avaliação muito positiva da mídia especializada. No guia de álbuns da Rolling Stone de 2004, ganhou 5 estrelas (pontuação máxima), além da nota 10 na Pitchfork. O álbum ainda recebeu 6 discos de platina em 2018, tamanho seu sucesso de vendas em todo o mundo.


Capa do álbum Ready To Die, de Notorious BIG


Dr. Dre - The Chronic (1992)


Lançado em 1992, The Chronic é o álbum de estreia solo do renomado produtor e rapper Dr. Dre, que já havia se tornado uma lenda no cenário por seu trabalho com o grupo de hip hop NWA. Este álbum marcou um ponto de virada no cenário, introduzindo uma sonoridade distinta e estabelecendo Dre como uma força incontestável na indústria musical. Com influências de funk, soul e R&B, o álbum não apenas consolidou a carreira solo de Dre, mas também introduziu ao mundo um grupo promissor na época: Snoop Dogg.


O álbum apresenta faixas icônicas como "Nuthin' but a 'G' Thang" e "Let Me Ride", que se destacam não apenas pelas letras afiadas, mas também pela produção inovadora. Dr. Dre, conhecido por suas habilidades excepcionais na produção musical, incorporou samples cativantes e batidas infecciosas, criando uma sonoridade que definiu o hip-hop da década de 1990. A introdução do G-funk, como ficou conhecido a variação do funk californiano, tornou-se uma assinatura do disco.


"The Chronic" não apenas dominou as paradas, mas também introduziu ao mainstream uma estética e um estilo de vida associados à Costa Oeste dos Estados Unidos. A narrativa distinta do álbum sobre a vida nas ruas, combinada com a produção inovadora, influenciou uma nova geração de artistas e moldou a direção do hip-hop. O álbum trouxe ainda mais notoriedade à carreira de Dr. Dre e ainda deixou um legado duradouro, contribuindo para a evolução do gênero e solidificando-se como um dos álbuns mais importantes da história do hip-hop.


Capa de The Chronic, do rapper Dr. Dre


Wu-Tang Clan - Enter the Wu-Tang (36 Chambers) (1993)


O coletivo de hip-hop Wu-Tang Clan lançou seu primeiro álbum em 1993, mas já conseguiu causar um grande impacto e influenciar toda uma geração. O disco Enter The Wu-Tang (36 Chambers), não só se tornou referência para grandes rappers que viriam a se destacar nos próximos anos, como Nas, Jay-Z e The Notorious B.I.G., como trouxe toda uma linhagem ao hip hop, com discos solos dos MCs do grupo de Nova York, formado por RZA, Ol' Dirty Bastard, GZA, Method Man, Inspectah Deck, U-God, Ghostface Killah, Raekwon e Masta Killa


Com uma sonoridade cheia de energia e inovadora para a época, o Wu-Tang conseguiu, com seu álbum de estreia, retomar o "hip hop hardcore", um estilo mais ácido e agressivo que ficou popular nos anos 80. A estética do disco é bastante minimalista, com beats simples e que se usam de samples de piano, servindo de base para o grupo de MCs desfilarem suas rimas. Por ser um coletivo com tantos rappers, liricamente o disco é muito rico, já que traz diferentes estilos e personalidades nas suas rimas, além da transição de vozes, que traz uma dinâmica única ao álbum, lembrando uma batalha de MCs.


Contendo 13 faixas, 36 Chambers tem como destaques as músicas Protect Ya Neck, C.R.E.A.M. e Can It Be All So Simple. Em seu disco de estreia, os rappers do coletivo Wu-Tang não só puderam mostrar suas habilidades fazendo rap, mas também na produção. Isso porque a maior parte das beats do disco foram feitas pelo próprio RZA, com contribuições dos outros membros, como Method Man e Ol' Dirty Bastard.


O álbum Enter the Wu-Tang (36 Chambers) teve grande recepção, principalmente do público, em seu lançamento. Por outro lado, somente com o tempo ganhou o status como um dos maiores da história. A revista Rolling Stone, por exemplo, na época de lançamento do disco, embora elogiosa, deu 4 estrelas (de 5) para o álbum. Por outro lado, a mesma Rolling Stone, em sua lista dos maiores discos de todos os tempos, feita em 2020, coloca o Wu-Tang como o disco de número 27. 36 Chambers também fez sucesso nas vendas, tendo alcançado platina tripla nos EUA, com mais de 3 milhões de cópias vendidas em CD e vinil.



Capa do disco 36 Chambers, do Wu-Tang Clan


Public Enemy - It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back (1988)


A abertura do disco It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back já mostra o que vem pela frente: a música "Countdown To Armaggedon" ("contagem regressiva para o armagedom", em tradução literal) abre com os gritos da plateia, quando alguém anuncia o Public Enemy. Sirenes começam a tocar, e os rappers bradam o verso de Gil Scott-Heron "the revolution will not be televised" ("a revolução não será televisionada", em tradução literal). 


Lançado em 1988 pela Def Jam Records, o segundo disco do grupo Public Enemy veio depois que o álbum de estreia do grupo de Chuck D e Flavor Flav, Yo! Bum Rush the Show, foi lançado sem grande pompa. Embora elogiado pela crítica, não conseguiu fazer barulho o suficiente para figurar nas paradas. Foi aí que entrou It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back: com letras politizadas e um som inovador, finalmente fez com o Public Enemy chamasse a atenção da grande mídia. De acordo com a Rolling Stone, o álbum é próximo, musicalmente, do Sgt. Pepper’s, disco dos Beatles famoso pela sua sonoridade disruptiva para a época, e liricamente semelhante ao London Calling, álbum clássico da banda The Clash, com críticas e mensagens inteligentes. 


Entre os destaques do disco estão as músicas Bring the Noise, Rebel Without a Pause e Don't Believe the Hype. Produzido pelo próprio Chuck D, e com produção executiva do lendário Rick Rubin, o álbum trouxe mensagens fortes e cheias de críticas sociais, se eternizando como um dos maiores da história do gênero.


Capa de It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back


A Tribe Called Quest - The Low End Theory (1991)


As cores desta capa não deixam enganar: a figura andrógina em vermelho e verde, em meio a um fundo preto, tinha tudo para se tornar um clássico. Lançado em 1991, The Low End Theory é o segundo álbum de estúdio do grupo de hip-hop A Tribe Called Quest. O grupo, na época, já trazia diversas inovações ao cenário da música, ao romper com a pegada violenta e agressiva do hip-hop na época - de grupos como o NWA - e trazendo uma abordagem afrocêntrica, colorida e muitas vezes engraçadas, que marcou o coletivo Native Tongues, do qual também faziam parte o De La Soul e Queen Latifah.


O álbum The Low End Theory consolidou a reputação do grupo como inovador no cenário do hip-hop, influenciando a direção do gênero. O álbum destaca-se por sua abordagem única, incorporando influências de jazz em suas batidas, letras inteligentes e uma atmosfera descontraída, além do marcante som grave dos samples de baixo usados nas beats. Com Q-Tip, Phife Dawg, Ali Shaheed Muhammad e Jarobi White, A Tribe Called Quest criou um álbum que gera uma marca desde sua capa até sua sonoridade única.


O trabalho apresenta faixas emblemáticas como "Scenario" e "Check the Rhime". O álbum destaca-se por suas batidas usando principalmente samples obscuros do jazz com batidas de hip-hop, cortesia do talentoso produtor Ali Shaheed Muhammad, e pelas letras distintas de Q-Tip e Phife, que revezavam os vocais. A produção cuidadosa e a fusão de elementos musicais estabeleceram um novo padrão para a complexidade e sofisticação dentro do hip-hop. O álbum é reconhecido como uma obra-prima e é citado como um dos pilares fundamentais na evolução do hip-hop. 


Capa do disco The Low End Theory, do A Tribe Called Quest


Jay-Z - The Blueprint (2001)


O sexto álbum de estúdio do renomado rapper Jay-Z foi lançado em setembro de 2001 e se tornou um sucesso imediato. O disco, frequentemente considerado uma obra-prima do hip-hop, marcou um dos pontos altos na carreira do artista. Com uma mistura hábil de letras perspicazes, batidas inovadoras e produção impecável, Jay-Z apresenta um trabalho que transcende as expectativas, consolidando sua posição como uma das figuras mais influentes do rap.


The Blueprint destaca-se por suas músicas memoráveis e produção sofisticada. Faixas como "Izzo (H.O.V.A.)" e "Jigga That Nigga" se destacam pelas letras afiadas e pela habilidade de Jay-Z em escolher batidas que ficam na cabeça. A produção, que ficou por conta de grandes beatmakers da época, como Kanye West, Just Blaze e Timbaland, contribuiu significativamente para o som distinto do álbum, combinando samples inventivos e arranjos diferenciados, incluindo trechos de músicas de David Bowie e The Doors. A diversidade musical, desde o soul até o R&B, passando pelo rock, acrescenta camadas à experiência auditiva, tornando "The Blueprint" uma jornada sonora ao universo do hip-hop, marcando assim o que viria ser uma era para o estilo nos anos 2000.


O álbum dominou as paradas e recebeu aclamação da crítica, alcançando notas como 4 estrelas pelo NME e 8.7 no Pitchfork. Com seu estilo único e influência comercial, The Blueprint estabeleceu novos padrões para o gênero e ajudou na ascensão de Jay-Z como magnata da indústria musical.


Capa de The Blueprint, álbum de Jay-Z


Kendrick Lamar - To Pimp a Butterfly (2015)


Um clássico moderno. Assim pode ser chamado o álbum de 2015 de Kendrick Lamar, seu terceiro trabalho de estúdio. Este trabalho transcende as fronteiras do hip-hop, mergulhando em uma exploração profunda das questões raciais, sociais e políticas nos Estados Unidos. Kendrick Lamar cria uma narrativa densa e reflexiva, repleta de poesia, jazzy-funk e uma abordagem lírica incisiva. O álbum é uma jornada sonora e conceitual que solidificou Lamar como um dos artistas mais influentes de sua geração. Inclusive, o álbum figura na posição 19 entre os 500 melhores álbuns de todos os tempos segundo a Rolling Stone, em 2024.


As músicas de To Pimp a Butterfly chamam atenção por diversos fatores. Primeiramente, pela produção inventiva de nomes como Flying Lotus, Knxwledge e Thundercat conseguem misturar elementos clássicos do hip-hop dos anos 80 a 90 juntamente com estilos mais modernos, como o trap. O segundo ponto é justamente a criatividade de Kendrick Lamar para fórmulas rimas cortantes, inteligentes e surpreendentes. O terceiro elemento que chama atenção é o próprio conceito do álbum, que mantém uma coesão entre as faixas, e funciona praticamente como um filme musical. Cada faixa contribui para a narrativa coerente do álbum, proporcionando uma experiência auditiva imersiva que desafia as convenções do gênero.


Faixas como "These Walls", "Alright" e "King Kunta" se destacam, exibindo a habilidade lírica afiada das rimas de Lamar. Além disso, o disco conta com participações especiais que o abrilhantam ainda mais, incluindo Snoop Dogg, Bilal, Thundercat e George Clinton, que somam à sonoridade que mistura R&B, jazz e outros elementos e estilos variados.


To Pimp a Butterfly foi amplamente elogiado pela crítica especializada e recebeu inúmeras premiações, incluindo o Grammy de Melhor Álbum de Rap em 2016. A obra foi considerada uma das mais importantes dos últimos anos, não apenas pelo seu impacto comercial, mas também por sua relevância social. Kendrick Lamar recebeu elogios por sua coragem em abordar temas sensíveis e complexos. O álbum serviu como um catalisador para discussões sobre raça, poder e injustiça social nos Estados Unidos. 


Capa de To Pimp a Butterfly


Eric B. & Rakim - Paid in Full (1987)


O álbum de estreia do lendário duo de hip-hop Eric B. & Rakim foi lançado em 1987, antes mesmo do hip-hop se tornar a febre da indústria musical que viria a ser. "Paid In Full" é frequentemente aclamado como um marco na história do rap, introduzindo uma nova abordagem lírica e musical ao gênero. Eric B. & Rakim, com sua combinação única de batidas inovadoras e rimas habilidosas, estabeleceram um padrão elevado que influenciou gerações subsequentes de artistas.


Paid in Full apresenta faixas icônicas, como a faixa-título e "I Ain't No Joke" - que abre o disco de forma marcante -, apresentaram batidas hipnóticas e distintas de Eric B. combinadas com as letras impactantes de Rakim, em uma sinergia única. A habilidade de Rakim de rimar de maneira complexa e fluente, juntamente com a perícia de Eric B. na produção, que inclui samples interessantes e a técnica do "scratch", solidificou a posição do álbum como um dos mais influentes do gênero, além de elevar os próprios artistas ao patamar de grandes lendas do hip-hop.


Capa de Paid In Full


N.W.A - Straight Outta Compton (1988)


O grupo de rap N.W.A, abreviação de Niggaz Wit Attitudes, teve por si só um impacto forte para o hip-hop. Com atitude e agressividade, o coletivo ficou marcado por trazer mensagens contra a polícia e retratando a realidade das periferias. 


Straight Outta Compton, álbum de estreia do grupo, foi um divisor de águas para o gênero como um todo. Com letras cruas que exploravam a realidade violenta das ruas de Compton, batidas contundentes e um estilo intransigente, N.W.A redefiniu o cenário do hip-hop com um álbum que chocou, provocou e, ao mesmo tempo, capturou a atenção do mundo.


O disco é conhecido por faixas impactantes como o título homônimo, "Express Yourself" e "F*** Tha Police", que rompem a barreira do pacífico e trazem uma voz mais contundente à realidade da Costa Oeste dos Estados Unidos, com letras por vezes controversas abordam questões sociais e políticas da época - que se mostram atuais até os dias de hoje. A produção, liderada por Dr. Dre e DJ Yella, apresenta batidas incendiárias e samples inovadores, criando um som que encapsula o realismo urbano e a brutalidade da vida nas ruas. 


Straight Outta Compton não apenas alcançou sucesso comercial, mas também desafiou as convenções do hip-hop da época. O álbum foi uma resposta crua e sem filtro à realidade enfrentada pela comunidade negra nos guetos urbanos, gerando controvérsias e chamando a atenção para as questões sociais. O N.W.A não apenas deu voz à raiva e frustração de uma geração, mas também inaugurou a era do gangsta rap, influenciando inúmeros artistas subsequentes.


Capa de Straight Outta Compton, do NWA


OutKast - Stankonia (2000)

Stankonia, lançado em 2000, é o quarto álbum de estúdio do duo Outkast, formado pelos rappers Andre 3000 e Big Boi. O trabalho destaca-se pela diversidade musical, indo além dos padrões convencionais do hip-hop ao explorar uma mistura eclética de estilos e experimentação sonora.


O álbum apresenta faixas notáveis, como "Ms. Jackson" e "B.O.B. (Bombs Over Baghdad)", com produção liderada por nomes importantes, como Organized Noize e Earthtone III. Essa abordagem musical única incorpora elementos de funk, soul, rock e música eletrônica, marcando a época com um som realmente diferente no hip-hop. As letras perspicazes de Andre 3000 e Big Boi contribuem para consolidar "Stankonia" como uma obra inovadora, elevando o nível da criatividade no cenário do hip-hop.


O impacto de Stankonia foi expressivo, indo além dos elogios críticos e do sucesso comercial. O álbum influenciou a cena do hip-hop da época, estabelecendo um novo padrão para a experimentação musical, e chegou a receber reconhecimentos interessantes, como entrar na lista da Rolling Stone dos 500 maiores discos de todos os tempos, na posição de número 64.




Kanye West - The College Dropout (2004)


O trabalho de Kanye West como produtor já era amplamente conhecido no início dos anos 2000, tendo criado beats marcantes para rappers aclamados, como Jay-Z, Common e Mos Def. Porém, em 2004, o artista conseguiu romper todas as barreiras do hip-hop ao se lançar também como um rapper de mão cheia. The College Dropout, álbum de estreia de West, foi o marco que mostrou que o artista poderia fazer realmente de tudo, e é frequentemente considerado um marco no hip-hop contemporâneo. 


Faixas como "All Falls Down" e "Jesus Walks" são emblemáticas, mostrando a habilidade de Kanye em criar rimas pessoais e introspectivas com versos muito marcantes e inteligentes. Além disso, a clássica "Through the Wire" mostrou a vontade do rapper em fazer seu trabalho funcionar, já que foi gravada após um grave acidente que destruiu sua mandíbula. 


Além disso, a produção do álbum, liderada pelo próprio West e contando com colaboradores como Jay-Z e Alicia Keys, é notável por sua diversidade sonora, incorporando elementos de soul, gospel e R&B, além da clássica sonoridade da sua produção, como os samples acelerados. 


Kanye West, com seu estilo inovador, desde a sua capa até a seu conteúdo musical, introduziu uma nova abordagem ao gênero, afastando-se dos estereótipos tradicionais, tanto sonoramente como visual e conceitualmente. O álbum aborda temas sociais, raciais e educacionais, refletindo a visão única de West. Seu impacto na época foi notável, estabelecendo Kanye West como uma figura influente no hip-hop e pavimentando o caminho para uma nova era de expressão artística no gênero.


Capa de The College Dropout, de Kanye West


The Fugees - The Score (1996)


O segundo álbum do grupo Fugees, após uma estreia promissora com o disco Blunted on Reality, de 1994, foi um sucesso absoluto. O disco, chamado The Score e lançado em 1996, mostrou a que veio o grupo composto por Lauryn Hill, Wyclef Jean e Pras Michel


Este álbum é reconhecido como um marco tanto do hip-hop quanto do R&B, destacando-se pela habilidade única do grupo em mesclar estilos musicais diversos. A voz de Lauryn Hill, tanto cantando quanto destilando suas rimas em forma de rap, juntamente com a sonoridade latina de Wyclef, trouxeram ingredientes totalmente inéditos ao hip-hop na época.


Faixas notáveis como "Killing Me Softly", "Fu-Gee-La" e "Ready or Not" são emblemáticas do sucesso do álbum, e fizeram sucesso que perdura até os dias de hoje. As letras profundas e conscientes, especialmente as performances de Lauryn Hill, combinadas com as batidas distintas de Pras Michel, criaram uma experiência musical única. A produção inovadora do álbum, que incorpora elementos de reggae, soul e R&B, demonstra a versatilidade e a visão artística do Fugees.


The Score foi um sucesso comercial e crítico, alcançando o topo das paradas e ganhando diversos prêmios. O álbum recebeu aclamação da crítica especializada e foi nomeado a dois Grammy Awards em 1997, incluindo Álbum do Ano, vencendo na categoria de Melhor Álbum de Rap. Seu impacto foi duradouro, influenciando artistas subsequentes e sendo considerado um dos álbuns mais clássicos de hip-hop de todos os tempos. 


Capa de The Score, do Fugees


Tupac Shakur - All Eyez on Me (1996)


All Eyez on Me, lançado em 1996 como um álbum duplo, é um testemunho da prolificidade de Tupac, e se tornou um marco por ter sido lançado pouco antes de sua trágica morte. Com uma mistura envolvente do chamado "gangsta rap" com temas sociais, o disco é amplamente conhecido como um dos principais da carreira do rapper e do hip-hop em geral. Nele, 2Pac consegue mostrar todo seu talento ao imprimir rimas criativas, autenticidade, uma entrega apaixonada e articular as complexidades da vida urbana com suas próprias experiências.


O disco se destaca por faixas que realmente marcaram a carreira de 2Pac, como "California Love" e "How Do U Want It", que mostram claramente a versatilidade do rapper. A produção, liderada por Dr. Dre e DJ Quik, é marcada por batidas poderosas, samples inovadores e colaborações com artistas renomados, como Snoop Dogg, George Clinton e Method Man (do grupo Wu-Tang Clan). A habilidade de Tupac em transmitir mensagens contundentes e críticas sociais através de suas letras, combinada com a produção magistral, faz de All Eyez on Me um álbum que transcende sua época.


All Eyez on Me teve um impacto imediato, alcançando enorme sucesso comercial e crítico. Recebeu certificação de diamante nos Estados Unidos, uma raridade para álbuns de rap. Apesar de Tupac não ter vivido para testemunhar o pleno reconhecimento, o álbum recebeu vários prêmios póstumos, incluindo nomeações para o Grammy em 1997, apesar de não ter vencido nenhum.


Além de ser um marco da música dos anos 90, o disco de 2Pac ainda ajudou a mostrar ainda mais a força do hip-hop da Costa Oeste, que já tinha muita força graças ao trabalho do próprio Shakur, mas também de Dr. Dre e Snoop Dogg.


Capa de 2Pac - All Eyez On Me


De La Soul - 3 Feet High and Rising (1989)


O disco 3 Feet High and Rising precisa estar na lista dos maiores álbuns de rap de todos os tempos, já que é uma obra amplamente reconhecida por sua abordagem única e inovadora, desafiando as convenções do hip-hop da época. Com uma mistura de samples ecléticos, letras inteligentes e uma atitude descontraída, o álbum se destacou como um divisor de águas, estabelecendo De La Soul como uma força criativa a ser reconhecida, e mudando as principais características do rap até a época.


Aliás, essa sonoridade única, aliada às letras espirituosas e conscientes, marcou não apenas o som distintivo do De La Soul, mas também sua contribuição para o movimento Native Tongues, que promovia uma abordagem mais positiva e inclusiva no hip-hop, junto com outros artistas como o A Tribe Called Quest e o Jungle Brothers.


Entre as faixas marcantes do 3 Feet High and Rising estão clássicos como "Me Myself and I" e "The Magic Number", que evidenciam a inovação das beats, produzidas por Prince Paul, membro do Stetsasonic. A produção apresentou uma abordagem sample-heavy, incorporando uma vasta gama de gêneros musicais, desde funk até sons psicodélicos, sketches dos artistas e ruídos diferenciados. 


O disco, como foi dito, é considerado um dos melhores álbuns de hip-hop de todos os tempos, e apesar de não ter sido um sucesso comercial instantâneo, ao longo dos anos ganhou reconhecimento e influenciou uma geração de artistas, sendo citado como um ponto de referência para a evolução do hip-hop.


O disco, curiosamente, viveu em um limbo dentro da indústria da música por vários anos, assim como todo o trabalho do De La Soul. Por conta do grande número de samples usados nas músicas, que traziam dificuldades para serem liberados, além de questões legais entre gravadoras na época, o 3 Feet High acabou ficando fora dos serviços de streaming até o ano de 2023, quando finalmente pôde ser disponibilizado na íntegra.


Capa de 3 Feet High and Rising


Mos Def - Black on Both Sides (1999)


O disco Black on Both Sides foi a entrada para a carreira solo do rapper e ator Mos Def, atualmente chamado de Yasiin Bey, após o mesmo ganhar reconhecimento com o duo Black Star, juntamente com o rapper Talib Kweli. Black on Both Sides é aclamado por sua abordagem lírica inteligente, com rimas poderosas que abrangem temas sociais, raciais e políticos, além da habilidade de Mos Def em fundir diferentes estilos musicais de forma coesa e espontânea.


Entre as faixas mais conhecidas do álbum estão "Ms. Fat Booty", "UMI Says" e "Mathematics". A produção, que conta com colaboradores como DJ Premier, Ali Shaheed Muhammad (do A Tribe Called Quest) e Diamond D, é notável pela fusão de jazz, soul e funk. A habilidade de Mos Def em abordar questões sociais e políticas de maneira poética, aliada a uma sonoridade inovadora, solidificou Black on Both Sides como um álbum que transcende o convencional no hip-hop.


Black on Both Sides recebeu aclamação da crítica especializada, sendo considerado um dos melhores álbuns de hip-hop da década de 1990. O álbum recebeu resenhas interessantes, como nota máxima na revista Spin, e quatro estrelas no The Rolling Stone Album Guide. 


É importante destacar que o álbum se insere no contexto do coletivo Soulquarians, um grupo de artistas notáveis que colaboraram intensamente durante o final da década de 1990 e início dos anos 2000. O Soulquarians, liderado por figuras como Questlove, D'Angelo, Erykah Badu e J Dilla, buscava uma abordagem mais orgânica e autêntica para a produção musical, incorporando elementos de jazz, soul e R&B. Black On Both Sides é um dos grandes álbuns criados em meio a essa onda criativa.


Capa de Black on Both Sides, de Mos Def/Yasiin Bey



Eminem - The Marshall Mathers LP (2000)


Lançado em 2000, The Marshall Mathers LP é o terceiro álbum de estúdio do renomado rapper Eminem. Este álbum é uma obra-prima que marcou a consolidação de Eminem como uma força inigualável no mundo do rap. Com letras afiadas e controversas, o álbum mergulha nas complexidades da vida de Eminem, explorando sua jornada pessoal, desafios e a natureza da fama.


Faixas como "Stan" e "The Real Slim Shady" se destacam como exemplos do brilhantismo lírico de Eminem. A produção, liderada por Dr. Dre, The 45 King e o próprio Eminem, incorpora uma variedade de estilos musicais, desde o hip-hop clássico até influências rock, criando uma sonoridade diversificada. A habilidade de Eminem em criar músicas cativantes, combinadas com sua habilidade de rima excepcional, solidificou The Marshall Mathers LP como um álbum revolucionário que transcende as fronteiras do rap convencional.


O álbum recebeu aclamação crítica, conquistando o Grammy de Melhor Álbum de Rap em 2001. Eminem também se tornou o primeiro artista a vencer o Grammy de Melhor Álbum de Rap por três discos consecutivos. Além do sucesso comercial, o álbum gerou debates sobre liberdade de expressão devido às suas letras controversas.


Capa de The Marshall Mathers LP


Snoop Dogg - Doggstyle (1993)


Doggystyle é o álbum de estreia do lendário rapper Snoop Dogg, lançado em 1993. Produzido inteiramente por Dr. Dre, o álbum é um ícone do G-Funk, um subgênero do hip-hop caracterizado por batidas descontraídas, samples de funk e letras que retratam o estilo de vida da Costa Oeste dos Estados Unidos. Snoop Dogg, com sua entrega distintiva e presença carismática, emergiu como uma figura central neste álbum, que se tornou um marco cultural e um sucesso comercial significativo.


Algumas das faixas que se destacam no disco são "Gin and Juice" e "What's My Name?", que mostram a forma sagaz com que Snoop entrelaça rimas cativantes em meio a batidas envolventes. A produção de Dr. Dre proporciona uma fusão perfeita de funk e hip-hop, criando um som distintivo que se tornou emblemático do G-Funk. Doggystyle não apenas solidificou Snoop Dogg como uma força no rap, mas também estabeleceu um novo padrão para a produção musical na época.


O disco de estreia de Snoop foi um sucesso imediato, estreando no topo das paradas e vendendo milhões de cópias. O álbum recebeu críticas positivas por sua autenticidade, estilo descontraído e produção inovadora. Embora Doggystyle não tenha recebido prêmios importantes devido a restrições da indústria na época, sua influência duradoura é inegável.


Além disso, o álbum é frequentemente citado como um dos melhores álbuns de rap de todos os tempos, estabelecendo Snoop Dogg como uma lenda do hip-hop e contribuindo significativamente para a evolução do gênero. Doggystyle continua a ser uma referência para artistas contemporâneos e uma parte essencial da história do rap da Costa Oeste.


Capa de Doggystyle, do rapper Snoop Dogg


Lauryn Hill - The Miseducation of Lauryn Hill (1998)


Considerado um clássico do seu tempo, rompendo barreiras e expectativas na música popular do final dos anos 90, The Miseducation of Lauryn Hill foi o álbum de estreia da cantora e compositora Lauryn Hill. Após se destacar como rapper, cantora e compositora com o badalado grupo The Fugees, principalmente pelo sucesso do disco The Score, Hill foi atrás do seu espaço como artista solo, e acabou mais uma vez se envolvendo em um projeto intenso, de enorme sucesso e que até hoje chama atenção de público e crítica. Considerado um clássico instantâneo, o disco, lançado em 1998, mescla diversos estilos musicais, como hip-hop, soul, R&B e reggae.


O álbum teve um impacto cultural enorme, com Lauryn Hill abordando temas como amor, maternidade, identidade e empoderamento feminino com uma franqueza e sensibilidade nunca antes vistas no hip-hop. O sucesso foi estrondoso, com o álbum vendendo mais de 19 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, com 422 mil edições só na primeira semana, e rendendo a Hill cinco prêmios Grammy em 1999, incluindo Álbum do Ano e Melhor Artista Revelação.


Entre as principais músicas do álbum, destacam-se "Killing Me Softly", que apesar de ser uma canção amplamente gravada por artistas como The Carpenters e , se tornou única na voz de Lauryn; "Doo Wop (That Thing)", um hino sobre amor e relacionamentos; "Ex-Factor", um retrato melancólico do fim de um relacionamento; e "Everything Is Everything", uma reflexão sobre a vida e o universo. Além disso, o disco contou com parcerias muito importantes, como Carlos Santana na música "To Zion", e o astro da época, D'Angelo, na canção "Nothing Even Matters".


De forma surpreendente, aliás, The Miseducation of Lauryn Hill permanece sendo o único disco de estúdio da carreira de Lauryn Hill, que abandonou a vida pública e os palcos alguns anos depois, se tornando reclusa e ficando longe do meio e da música. A cantora ainda chegou a gravar um álbum ao vivo, MTV Unplugged 2.0, ainda que sem a mesma repercussão, e mostrando que realmente estava com dificuldades emocionais na época, ao chorar e engasgar diversas vezes durante as gravações. 



Capa de The Miseducation of Lauryn Hill



Madvillain - Madvillainy (2004)


Apesar de ser uma obra independente e sem a mesma repercussão na mídia dos diversos discos citados, Madvillainy. álbum do duo Madvillain, formado pelo rapper MF DOOM e pelo produtor Madlib, merece destaque ao levantarmos os melhores álbuns de rap da história. Considerado um clássico cult do hip-hop underground, o disco se destaca por sua sonoridade experimental e pelas rimas densas, inovadoras e surpreendentes de Doom, beats obscuras e diversas referências à cultura pop, incluindo uma narrativa nunca antes vista em um álbum de hip hop.


O estilo de Madvillainy é difícil de classificar. A produção de Madlib é intrincada e complexa, utilizando samples obscuros de jazz, funk, soul e rock, buscando manter uma sonoridade crua como as próprias beats produzidas por Doom. As letras do rapper, aliás, são um ponto altíssimo da obra, com versos inteligentes e cheios de humor negro.


O disco explora diversos personagens que já são conhecidos no universo das músicas de MF DOOM. Em Madvillainy, o artista/vilão se une a Madlib na missão de destruir para sempre o hip hop. De forma metalinguística genial, ele usa o próprio rap para contar seus planos e visões, sempre com rimas que remetem a diversos momentos e imagens do cotidiano.


O álbum teve um impacto significativo na cena hip-hop underground, inspirando uma geração de rappers e produtores a explorar novos caminhos musicais. Apesar de não ter alcançado grande sucesso comercial na época, Madvillainy foi aclamado pela crítica e pela legião de fãs do rapper, falecido em 2020.


Entre as músicas que mais se destacam no disco estão "All Caps", que traz uma beat com baixo marcante, e a frase "Just remember: ALL CAPS when you spell the man name" (Lembre-se de usar fonte maiúscula ao soletrar o nome do homem", em tradução livre); "Accordion", com sua beat marcante usando samples de acordeon; e "Meat Grinder". 



Capa do álbum Madvillainy, de Madvillain


The Roots - Things Fall Apart (1999)


Things Fall Apart é o terceiro álbum do grupo de hip hop The Roots. O disco, considerado uma das grandes obras do rap consciente, é marcante desde o conceito, com uma capa que mostra pessoas negras correndo da polícia, além de letras que tratam de temas como pobreza, racismo, violência e desigualdade social com grande profundidade e sensibilidade.

O estilo do álbum é único e inovador, com uma produção musical utilizando samples de jazz, soul e funk, além do estilo marcante do The Roots, um dos poucos grupos a utilizar instrumentos de verdade em todas as gravações. As letras do grupo são inteligentes e poéticas, abordando temas sociais de forma crítica e engajada.


Entre as participações, que chamam atenção no disco, estão convidados como Mos Def, Common, Erykah Badu e até D'Angelo, que toca piano e várias faixas do disco. O álbum foi um grande sucesso comercial, vendendo mais de 6 milhões de cópias nos Estados Unidos. A crítica também o aclamou, com diversos prêmios e indicações, incluindo o Grammy de Melhor Álbum de Rap feito por um Duo ou Grupo, em 2000. O disco também chegou a ser indicado por Melhor Álbum de Rap no mesmo ano, porém perdeu o prêmio para The Slim Shady LP, de Eminem.


O disco teve grande destaque na imprensa especializada, ganhando elogios na Rolling Stone - que inclusive classificou o álbum entre os melhores 500 de todos os tempos - e AllMusic, que avaliou com 5 estrelas (a pontuação máxima) a obra do The Roots.


Entre as músicas de maior destaque do disco estão a belíssima "You Got Me", a alegre e explosiva "Dynamite!" e "The Next Movement", além de outras tantas que compõem um álbum marcado por ser muito bem distribuído, conceitual e coeso.



Capa do álbum Things Fall Apart, do grupo The Roots

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